O que é o tempo que não um eterno fluxo de energia incomensurável, despertado somente pela consciência da sua existência?

Que tempo é este que celebra e se acobarda do fim? Da morte?

Esse é o tempo imperativo, reinado de um fluxo incomparável e intrinsecamente infringindo. Tempo. Que palavra tão vaga, que descrição tão preciosa. Tempo. Esse pode chegar quando nada alcança para lá da eterna razão do vazio, quando não contempla nada que a sua meta marcação espacial. Mas esse não é o tempo que procuro, aquele que quero rodeia-se de ondas, de flutuações, ele encontra a voz e o desenho, encontra o hábito e a ausência de habitação. É o tempo rebelde ainda marcado pelo TIC TAC de cada batida ao segundo.

A identidade fluxo-tempo é a sexta, ela navega no imperativo do incomodo, ela deixa de ser local e tal como o tempo respira universal. Ela come-se e desfaz-se, ela integra-se e destrói, sem medo de perder porque o que há a perder nesse tempo jamais pode voltar atrás. É estranho precisar o ato da identidade, na verdade ele existe em mais de 3602 dias, 10 anos, 20 anos. Ele está connosco, entre nós como diria a religião, acima de nós, envolto em nós e ele sim é o espírito indomável capaz de nos vergar.

Tempo.

O teu fluxo forte agora por entre mãos e a tua materialização será decerto um loop, uma repetição, um desfazamento, uma desfeita, um percurso, uma lomba, uma voz, um algoritmo, uma história, uma antologia futura.

Bem vindo ao fluxo-tempo.

Catarina Rodrigues, diretora criativa studium